quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tecnologias e Comunicação

26/01/11
Por Queite Nogueira

Á procura de esboçar outro fazer pedagógico, a escola tornou-se através do tempo, um meio de comunicação do discurso midiático, pois foi enfatizada a importância de que esta estivesse presente na crescente preocupação com a leitura crítica dos meios de comunicação.

Os conteúdos midiáticos passaram então, a servir ao currículo regular, como pretexto, ilustração, exemplificação, estímulo à curiosidade do aluno para o trabalho convencional. Por outro lado, há pouca atenção aos meios de comunicação enquanto produtores e veículos de informação, como também às características da recepção dessas informações.

Não sou especialista no assunto, mas não é preciso que o seja para perceber que essa proposta não vem sendo tratada de forma eficaz pelas instituições de ensino, pois as falhas e equívocos são muitos, a exemplo do que nos traz em suas palestras, a professora Elisabeth Dantas, quando nos expõe informações sobre o uso que as escolas fazem da publicidade e da propaganda aos seus alunos e professores.

Moran nos ensina que os veículos de comunicação “refletem, recriam e difundem o que se torna importante socialmente, tanto no nível dos acontecimentos como no imaginário.” Acredito que para tratarmos deste vasto conteúdo nas escolas, já que como educadora, tenho um papel de fundamental importância nessa área, faz-se necessária uma análise cuidadosa das formas de abordagem do conteúdo Tecnologias e Comunicação, pois o impacto dessas tem provocado significativas mudanças na práxis pedagógica, como nos destaca Pretto em suas diversas obras, onde este discute e analisa a indispensável integração entre comunicação e educação, para que esses recursos fundamentem essa nova escola, esse novo “fazer pedagógico”.

Fazendo uma breve análise do impacto que a mídia tem sobre meus alunos, é fácil perceber como o meu trabalho enquanto mediadora do conhecimento é e será difícil, pois esta oferece através de sua comunicação em massa, “produtos” que por diversos motivos não conseguem ser superados pelas mediações em sala de aula.

Faz-se necessária, a ampla capacitação tecnológica e profissional dos professores, como defende Marisa Sampaio, pois o educador é o mediador no processo de aprendizagem, ajudando o aluno a lidar da melhor maneira com os recentes “produtos” veiculados pela mídia e é na escola que este trabalho poderá ser mediado de forma consistente e segura, pois seria ingenuidade de nossa parte, pensar que a mídia adaptar-se-ia aos objetivos da escola e que por sua vez, as famílias teriam condições de conscientizar suas crianças e adolescentes para uma leitura crítica dos produtos ofertados pela mesma. As crianças e adolescentes têm uma relação especial com a mídia, elas são naturalmente curiosas e o poder que as descobertas têm, está ligado à adoração dessa geração pelas novas tecnologias.

Os efeitos da mídia sobre meus alunos muitas vezes faz com que eu me sinta como diz Tardy, numa “situação sem precedentes”, pois, ou estou na condição de ultrapassada ou em muitos momentos “correndo atrás” para alcançá-los. Embora crianças sejam crianças e adolescentes passem por inúmeras mudanças, todos têm opinião própria e para prender a atenção dos mesmos faz-se necessária a ludicidade e a diversão, sem falar que o nosso olhar não é o mesmo dos alunos. Promover discussões sobre essa realidade pode contribuir para o início de uma compreensão crítica do que está explícito e implícito no que a mídia lhes oferece.

Precisamos como defende Bonilla, que as tecnologias e a comunicação sejam adotadas como elementos estruturantes de uma nova forma de pensar, da geração que se apresenta neste século virtual e não apenas como mais uma metodologia didático-pedagógica, visando uma educação que não atende mais os desafios impostos pela sociedade do conhecimento.

É necessário, portanto, que a instituição escolar transforme-se em uma “sociedade aprendente”, ou seja, que o fazer pedagógico seja mesclado ao movimento criativo das tecnologias e da comunicação e conseqüentemente da vida, pois é necessário que formemos cidadãos capazes de administrar a imensa quantidade de informações circulantes no ciberespaço e transformá-las em conhecimento útil para uma vida melhor.